22 de ago. de 2010
21 de ago. de 2010
A roupa adequada
Vivemos numa sociedade hipócrita, onde você e eu somos hipócritas um do outro. Você não suporta o meu estilo e nem eu o seu. Se saio de sunga, num dia de calor, você diz que fiquei louco. Se faz frio, e você sai agasalhado, trato de fazer galhofa e logo pergunto se está vindo de Aspen. E, nesta imbecilidade de indumentária, seguimos nos podando. Ao invés de juntarmos nossos estilos e criarmos uma grife, preferimos nos chamar de cafonas e nos maldizer pelas costas, porque pela frente somos só elogios. Assim caminha a imbecilidade, digo, humanidade, somos as matildes de nós mesmos. Usamos o mesmo ardil, porém com prismas diferentes. Outro dia, saí todo de verde e me disseram que eu estava parecendo um papagaio. E daí? Que tem isto? Prefiro a cor alegre que seu preto fúnebre. Mas, você não me respeita e se esquece que outro dia estava todo de alaranjado. Putz, que brega. Mas esta é minha opinião, porque, pelo visto, você estava se achando o máximo. Agora, façamos um trato: cachecol, chapéu e terno de inverno é demais para um calor desses? Mas moda é moda. Que cada se ache o tal pelo menos para si mesmo. O resto é falta de estilo. Melhor ter um estilo próprio e por fora, do que não ter qualquer estilo e ser mais por fora ainda.
Por Nelclier Marques, em homenagem aos diletos amigos Bruno Pena e Guilherme Martins de Araújo, face às boas risadas que demos na sede da OAB. A amizade sincera basta por si só, não precisa de subterfúgios.
Artesão
Viver é parição
Metamorfose sem metafísica
Desprender modismos
Aproximar-se da essência
Fulgor-prole-razão
Nós, simples ferramentas
Arte sui generis
Lua de uns
Marte de outros
Galáxias insondáveis da maioria
Achamo-nos todos artistas
Porém, vassalos somos
Ou escravos mesmos
Ninguém é dono da arte apropriada
É preciso nascer de si mesmo
Ser o artista da arte
13 de ago. de 2010
Perfil de um canalha
Deve ser difícil fingir que nada está acontecendo. Deve ser difícil saber que nada faz de proveitoso. Deve ser difícil sempre se perder em tudo.
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Deve ser difícil fugir de pessoas que cobram coisas prometidas e não cumpridas. Uma vida vazia e insignificante. Rir deve ser um choro.
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Deve ser difícil ouvir todos reclamarem que algo útil precisa ser feito. Deve ser difícil saber que a vida é tão vazia, que nem a farra compensa.
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Deve ser difícil não ser amigo de verdade. Deve ser difícil não ter o que ser admirado. Deve ser difícil não ter equilíbrio moral e viver de inveja.
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Deve ser difícil pegar qualquer tarefa, mesmo a mais vil, só para se dizer "do grupo"...
Por Nelclier Marques
12 de ago. de 2010
Eu acredito no político
Talvez a prudência me diga para não escrever sobre política, uma vez que a própria política não se explica por si só, mas, mesmo sabendo destas conjecturas, ainda me arrisco. A cada dia que se passa, menos eu gosto de politicagem e mais eu me especializo
Nelclier Marques é escritor, psicólogo e acadêmico de Direito PUC/GO (8º período)