26 de ago. de 2010

A noite inteira

De repente, sem mais nem menos, o sentimento chega e habita. Começa meio besta. Chega como quem não quer nada. Mal entra e já invade, toma conta de tudo. O que antes não existia passa a ser a razão de ser, pensar, querer. O desejo se torna tão forte que quase se basta a si. Vira tormenta. Idolatra. Tudo se torna perfeito. Um simples gesto é algazarra na mente. A vida tem esse colorido. Amar é forte, a maior força que podemos ter. Quem está apaixonado só sabe pensar no amor.

Trecho do meu livro, cujo nome ainda é segredo.

21 de ago. de 2010

A roupa adequada

Vivemos numa sociedade hipócrita, onde você e eu somos hipócritas um do outro. Você não suporta o meu estilo e nem eu o seu. Se saio de sunga, num dia de calor, você diz que fiquei louco. Se faz frio, e você sai agasalhado, trato de fazer galhofa e logo pergunto se está vindo de Aspen. E, nesta imbecilidade de indumentária, seguimos nos podando. Ao invés de juntarmos nossos estilos e criarmos uma grife, preferimos nos chamar de cafonas e nos maldizer pelas costas, porque pela frente somos só elogios. Assim caminha a imbecilidade, digo, humanidade, somos as matildes de nós mesmos. Usamos o mesmo ardil, porém com prismas diferentes. Outro dia, saí todo de verde e me disseram que eu estava parecendo um papagaio. E daí? Que tem isto? Prefiro a cor alegre que seu preto fúnebre. Mas, você não me respeita e se esquece que outro dia estava todo de alaranjado. Putz, que brega. Mas esta é minha opinião, porque, pelo visto, você estava se achando o máximo. Agora, façamos um trato: cachecol, chapéu e terno de inverno é demais para um calor desses? Mas moda é moda. Que cada se ache o tal pelo menos para si mesmo. O resto é falta de estilo. Melhor ter um estilo próprio e por fora, do que não ter qualquer estilo e ser mais por fora ainda.

Por Nelclier Marques, em homenagem aos diletos amigos Bruno Pena e Guilherme Martins de Araújo, face às boas risadas que demos na sede da OAB. A amizade sincera basta por si só, não precisa de subterfúgios.

Artesão

A vida sem arte é vegetativa

Viver é parição

Metamorfose sem metafísica

Desprender modismos

Aproximar-se da essência

Fulgor-prole-razão

Nós, simples ferramentas

Arte sui generis

Lua de uns

Marte de outros

Galáxias insondáveis da maioria

Achamo-nos todos artistas

Porém, vassalos somos

Ou escravos mesmos

Ninguém é dono da arte apropriada

É preciso nascer de si mesmo

Ser o artista da arte

Por Nelclier Marques

13 de ago. de 2010

Perfil de um canalha

Deve ser difícil fingir que nada está acontecendo. Deve ser difícil saber que nada faz de proveitoso. Deve ser difícil sempre se perder em tudo.

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Deve ser difícil fugir de pessoas que cobram coisas prometidas e não cumpridas. Uma vida vazia e insignificante. Rir deve ser um choro.

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Deve ser difícil ouvir todos reclamarem que algo útil precisa ser feito. Deve ser difícil saber que a vida é tão vazia, que nem a farra compensa.

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Deve ser difícil não ser amigo de verdade. Deve ser difícil não ter o que ser admirado. Deve ser difícil não ter equilíbrio moral e viver de inveja.

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Deve ser difícil pegar qualquer tarefa, mesmo a mais vil, só para se dizer "do grupo"...

Por Nelclier Marques

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