25 de fev. de 2010

A princesa e a rã‏

Era uma vez, numa terra muito distante, uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:

- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.

A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...

Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:

- Eu, hein?... nem morta!


Luís Fernando Veríssimo

24 de fev. de 2010

Cronobiograma Feminino



1 aos 5 anos:
A mulher não tem a mínima idéia do que ela seja..

5 aos 10 anos:
Sabe que é diferente dos meninos, mas não entende porquê.

10 aos 15 anos:
Sabe exatamente por que é diferente, e começa a tirar proveito disso.

25 aos 30 anos:
Nessa fase formam 5 grupos distintos:


G1
As que casaram
por dinheiro

G2
As que casaram
por amor

G3
As que não casaram

G4
As que simplesmente casaram

G5
As inteligentes

G1: descobrem que dinheiro não é tudo na vida, sentem falta de uma paixão..

G2: descobrem que paixão não é tudo na vida, sentem falta do dinheiro.

G3: não importa o dinheiro e a paixão, sentem falta mesmo é de um homem .

G4: não entendem por que casaram.

G5: descobrem que ter inteligência não é tudo na vida.


30 aos 35 anos:
Sabe
exatamente onde errou e tinge o cabelo de loiro. Vai para academia.

35 aos 40 anos:
Procura ajuda espiritual.

.


40 aos 45 anos:
Abandona a ajuda espiritual e procura ajuda médica, com analistas e cirurgiões plásticos.


45 aos 50 anos:
Graças aos cirurgiões sua bunda e barriga voltaram ao normal, seus peitos ficaram melhores do que eram e explode uma paixão pelo seu analista.



Após os 50 anos
FINALMENTE SE DESCOBRE, SE ACEITA E COMEÇA A VIVER !!!!

...Mas, aí vêm a osteoporose e o reumatismo e fode tudo.


Autor - Luiz Fernando Verissimo

22 de fev. de 2010

Viva Jorge Braga!

Vibrei com a entrevista do cartunista Jorge Braga ao Roda de Entrevistas, reprisado ontem. É motivacional ouvir quem tem genialidade. Que clareza de idéias e raciocínio. Que esmero e humor. Um artista. Das boas citadas:

“Cuidado para não ser aprendiz de tudo e ter nada como ofício.”

ARTIGO PUBLICADO: Todo respeito ao Hospital Araújo Jorge



Hospital, sinceramente, não é um lugar muito agradável, pelo menos para mim. Cheguei ao ponto de fazer dois anos de medicina e desistir pelo fato de não suportar imaginar a minha vida presa a um nosocômio. Sempre que podia, evitava estes lugares. Há poucos dias tive dengue e até assinei termo de responsabilidade para sair mais cedo e me cuidar em casa mesmo. Definitivamente, hospital não é a minha praia. Porém, pela necessidade, algo forte me fez estar mais presente num desses ambientes e fiquei admirado. Meu pai, convalescendo de câncer – dá até repulsa dizer o nome desta maldita doença, teve um tratamento mais que excelente no Hospital Araújo Jorge. Fiquei encantando com a equipe médica. Que atenção tão carinhosa e prestativa dos médicos; enfermeiras; técnicos em enfermagem; psicólogas; maqueiros etc. Eu, que não sou fã de ambiente hospitalar, tirei o chapéu ao tratamento e empenho que aqueles amáveis profissionais dedicam aos pacientes ali instalados. Que atenção! Que dedicação! Médico não tem vida particular, vive para o outro. Lógico que uns se acham deuses, assim como alguns advogados, policiais e todo fadário de profissionais. Quero destacar o lado excelso do profissional da área de saúde, falo de um caso específico, falo do pessoal que trabalha duro no Araújo Jorge. E o grupo de teatro? Fiquei impressionado. Em pleno domingo e aqueles atores na maior disposição. Dava para observar da janela do segundo andar a turma se pintando no edifício em frente. Detalhe: era domingo de carnaval e aquele pessoal ali, fazendo algo em compaixão ao próximo. Que missão bonita! Fiquei observando e, de repente, começou a sair um batalhão de pessoas, parecia um carnaval de tantas cores, balões, perucas, adornos em geral. Que motivação! Que energia! Senti saudade do meu tempo de teatro no Show da Alma, na psicologia. Me senti envergonhado por ainda não ter me tocado o quanto podemos nos dedicar aos enfermos. Uma rusga de remorso quis me atingir por ter desistido da medicina. Antes eu queria ser paramédico, salvar vidas. Um turbilhão de coisas passava na minha cabeça enquanto eu chorava a situação do meu pai. Decidi: quero e vou fazer algo para ajudar aquele hospital. Não espero nada em troca. Acredito que a natureza nos devolve tudo o que nela lançamos, tanto de bom, quanto de ruim. Já procuro fazer várias coisas em outros segmentos, mas percebi que o Araújo Jorge é muito especial e precisa do nosso apoio para transmitir sua assistência aos que ali recorrem. Se puder, faça uma visita lá. Ficará impressionado com o volume de gente. É uma bagunça aparente, mas ali há sentimento e amor ao próximo e a demora no atendimento se justifica pela demanda e pela especialidade. Mais que uma visita, procure informações, faça algo para ajudar a manter aquela importante instituição. Você vai se emocionar e um bem estar vai tomar conta da sua vida.

ARTIGO PUBLICADO: O tal que não pegava dengue



Ivonildo é um cara gozador, daqueles que adoram curtir com a vida alheia. Para ele, prostituta e maconheiro só existem na família dos outros, no máximo na casa do vizinho. Não acreditava em doença, vivia nas farras. Ria de tudo e de todos. Dia desses, ria de um senhor que lamentava as dores da dengue: “Velho imbecil, larga de ser frouxo, pamonha”, dizia às gargalhadas. Imaturo, Ivonildo não observou que seu quintal era cheio de plantas e restos de objetos que acumulam água. Até zombava demonstrando sua habilidade na raquete elétrica: “Eu sou o Guga, exterminador de mosquito. Dengue comigo é na cadeira elétrica.” Divertia-se a valer com a raquetona. Pipocava mosquito o tempo inteiro e nem se tocava, não observava a origem, o criadouro de tais pestes. Porém, qual não foi sua sorte quando amanheceu com certa fraqueza. Pensou que era da pinga que tinha tomado no dia anterior. Aquilo foi piorando, a dor no corpo aumentando, a cabeça doendo, um mal estar dos diabos se instalando. Macho e ignorante, Ivonildo foi suportando enquanto podia. Sabia que os amigos iam rir da sua situação. Mas, o corpo humano não é uma máquina e não teve jeito, dois dias depois acabou tendo que se curvar e pedir arrego. Aliás, teve que correr, pois já não agüentava sofrer. Mandou a mulher ficar calada enquanto o acompanhasse ao centro de atendimento médico mais próximo. Amargou nas filas até ser atendido. Chorou feito criança, desarmado de sua arrogante macheza. Quando, enfim, teve a honra de estar frente a frente com um doutor, relatou sua moléstia. Seu ouvidos doeram quando ouviu o diagnóstico, uma verdadeira sentença: “Vou pedir um exame de sangue para ver as suas plaquetas, mas pode ir se hidratando que provavelmente é dengue.” Dengue? Isto mesmo: dengue. Ivonildo, o diferentão, agora se igualava aos demais mortais. Antes ele ria e desprezava toda advertência. Para ele o dinheiro público gasto com publicidade para divulgar a doença não tinha a menor importância. Debochava de quem cuidava para evitar a dengue. Agora a sua realidade era outra. Não tinha ânimo para nada. Acabou na cama de um hospital. A única coisa que sentia era: dor muscular; dor no abdômen; dor na cabeça; um mal estar que não cessava; irritação; coceira no corpo todo. Tinha que tomar bastante soro para não desidratar, aquela agulha era a morte, além de água de côco e sucos, até repunar. A água normal, após tomar tantos remédios, credo, amargava como fel. E mais: todos os dias tomava uma dolorida espetada no braço para colher sangue a fim de examinar as benditas plaquetas, que só caiam. Sem contar o estômago embrulhando com qualquer cheiro de comida. Comer carne então, podia esquecer, não conseguia nem chegar perto. Dengue é doença, é castigo, é praga. O corpo parecia morrer aos poucos, estava ficando cada vez mais mole. Os amigos de farra até que tentavam animá-lo, mas ele estava muito irritado e cansado com aquela coisa. Piadinhas surgiam a todo instante, mas ele não achava a menor graça. Quis acusar a infeliz da esposa pelo lixo que mantinham no quintal. Contudo, independente da culpa, foi ele, Ivonildo, o irresponsável, o sem consciência social e moral, quem pagou o pato. Apesar de tudo, da raiva, da vergonha, nas suas mais veladas orações, ainda agradecia a Deus por sua dengue não ser hemorrágica, pois o machão ficou com medo de morrer. Ivonildo, seu esperto de araque, cumpra a sua sina e, quando sair do hospital, lembre-se que você não é dono do mundo. Vá dar uma geral nas suas imundices, seu coitado! Por hora, curta a sua denguice, senhor da razão!

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