Através de estudos acadêmicos e dos veículos midiáticos, pode-se dizer que a crise política instalada em Honduras é reflexo de sua fraca condição econômica. Honduras é o segundo país na escala de pobreza da América, perdendo somente para o Haiti. Face a isto o presidente Manuel Zelaya buscou abreviar as dificuldades financeiras de seu país com a “mão amiga” do colega Hugo Chávez, através da ALBA (Alternativa Bolivariana Para as Américas). Como amigos sempre influenciam comportamento, Zelaya deu um tiro no pé ao tentar fazer referendo para mexer na Constituição de Honduras, almejando prolongar-se no poder. Ocorre que o Congresso, a Suprema Corte e as Forças Armadas hondurenhos foram mais ágeis e no dia 28 de junho, data do referendo sobre a reforma da Constituição, Zelaya foi detido por militares e conduzido, ainda de pijamas, à Costa Rica em asilo político. O presidente do Congresso de Honduras, Roberto Micheletti, assumiu a Presidência e disse que não houve golpe de Estado e que o processo que destituiu Zelaya do cargo foi "absolutamente legal". Ato contínuo, em 30 de junho, a Assembléia Geral da ONU aprovou em sessão extraordinária com os 192 países-membros uma resolução unânime de repúdio ao golpe de Estado em Honduras e exigiu restauração imediata e incondicional do presidente Zelaya. No dia 21 de setembro, Zelaya foi refugiado na Embaixada Brasileira, em Tegucigalpa. O termo refugiado justifica-se devido ao fato do governo brasileiro ter em Zelaya a figura do presidente hondurenho. Desde o golpe, as chances de Zelaya voltar ao poder são cada vez menores e, com isto, o seu mandato vai minguando. Na verdade, o golpista Micheletti vem sagrando-se como um exímio jogador, um embromador, pois está segurando a duras penas o comando interino de seu país. Mesmo face a todo o imbróglio, o curso das novas eleições, previstas para 29 de novembro, seguem a toda prova, tendo Porfírio Lobo (o Pepe), do Partido Nacional, e Elvin Santos, do Partido Liberal, despontando nas pesquisas. Já houve ameaça de não reconhecimento nacional e internacional, caso não haja solução para o impasse até as eleições. Enfim, as negociações não cessaram desde que a crise foi instalada, dando muito trabalho ao Nobel da Paz (1987), atual Presidente da Costa Rica e mediador da crise, Oscar Árias. Por último, a notícia que se tem é que o Presidente deposto Manuel Zelaya solicitou aos EUA, através da Secretaria de Estado Americano, Hillary Clinton, uma posição oficial em relação à restituição dele. Os EUA responderam que são favoráveis, porém vão respeitar qualquer que seja a decisão do congresso hondurenho. Uma comissão de verificação, formada pelo ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, e pela Secretária de Trabalho de Barak Obama, Hilda Solis, está conversando com todos os lados para ver se consegue colocar um fim à crise. Em resumo, na minha humilde opinião, o que tivemos foi mais um ataque de Hugo Chávez, via Zelaya, para desmoralizar os EUA, que, apesar de todas as ameaças, não lograram êxito nas articulações para cessar o problema. Zelaya pagou o pato com os últimos meses de seu mandato original, mas abriu brechas para se duvidar do poderio dos EUA quanto a solucionar problemas internacionais. Vale destacar que todos estão perdendo até o momento, tanto Chávez quanto Obama, porém o mais ferido está sendo Zelaya. E a novela segue.
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