Eleição é sempre uma oportunidade ímpar para que a população possa ver o que realmente é o meio político. Não falo da propaganda em si, mas das articulações, dos bastidores, dos conchavos. Isto parece retórica política, mas, mesmo sendo bastante óbvio, a maioria das pessoas, simplesmente, não enxerga esses meandros. A estampa frágil de muitos candidatos cai por terra quando a possibilidade de, literalmente, rodar numa eleição fica evidente. No primeiro turno, os proporcionais, candidatos a deputados, são irmãos de fé e trabalho. Mas, quando se é real um segundo turno a coisa muda totalmente de figura. Uns se tornam mais irmãos, claro, já outros literalmente metem a faca no pescoço, é a antecipação do jogo das assembléias, querem a gaita antes de qualquer ação. Há ainda os que apostam no quanto pior, melhor, pensam que terão mais prestígio se o executivo, governador ou presidente, for adversário, pois assim poderão extorquir à vontade. Aliás, extorquir é um expediente comum e corrente nos subterrâneos políticos. Nesta eleição, eu teria errado qualquer previsão. Aliás, acho que nem aquele polvo chato da Copa do Mundo, o Paul, daria uma dentro. Quanta inversão de papéis, quanto desatino aqui e ali. E nas ruas a resposta é de doer, a apatia é grande, nota-se isto com a raríssima quantidade de carros adesivados. Na verdade, destes poucos que se mostram defendendo bandeira, aposto que é de gente ligada a interesses próprios e não espontaneamente. Do jeito que a coisa está andando, acredito que logo teremos campanhas apenas midiáticas, principalmente pela tevê e internet. As famílias, os amigos, se comunicarão por e-mail sobre o tema, cada um querendo exibir uma piadinha ou um vídeo mais picante que o outro. E na mesa de jantar, que já quase não existe, ninguém terá coragem de estragar o apetite tocando no assunto. Meu Deus, que lástima! Isto é o caos se alastrando geral. É a mesma coisa de cada um correr para pegar um assento, uma poltrona, e que o piloto do avião seja quem ganhar a queda de braços, quem souber xingar mais. Estou besta com esta campanha. Tomara que a população tome atitude e mude esse jeito acanhado e alienado nas decisões mais importantes. Lembrem a todos que são os políticos que definem o norte das nossas vidas, é deles que saem as leis, os impostos etc. Como que não se enxerga isto? Ainda dá tempo de pesquisar e votar consciente. Que acessem os sites dos candidatos, vejam suas biografias, comparem e exerçam sua cidadania de forma plena. Na verdade, não elegemos uma pessoa somente, elegemos um colegiado, uma equipe, um pensamento que se traduz em um nome, mas que tem várias mentes dando sustentação. Se você votar errado, poderá ressuscitar monstros que estavam hibernando. Vamos juntos pensar de forma coerente. Que possamos votar em quem seja bom para o povo, o cidadão, tanto a nível estadual, quanto federal. Vote em quem seja do bem! Viva a democracia!
Nelclier Marques é psicólogo, advogado em formação pela PUCGO (8º período), escritor e humorista. TWITTER: @NELCLIER